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Branco

by João Jardel

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1.
(Letra e música: João Jardel) (Dono da gira, me deixa passar) Eu venho aqui Para clamar sua atenção Para seguir meu caminho Eu peço a sua benção
2.
(Letra: João Jardel e Graziele Zahara – Música: João Jardel) Assisti o caos se tornar um fato Diante da divina comédia Expôs as cicatrizes Escândalo orbitava minha mente Ansioso engoli o choro E calei o peito O picadeiro estava montado Minha tragédia ganhou lugar Sufoquei minha raiva Juntei os cacos Eu não vi os rostos Me banhei em sangue O metal torceu O asfalto quente Virou a cama Eu via mãos Não via olhos Todos os flashes Me ocultavam Ouvia vozes Não tinham rostos Como raiz forte Brotando no asfalto Quebro esse cenário Com o ódio da minha mente Forte e veloz Tal qual a pororoca Me deixo limpar Do pesadelo que eu não criei
3.
(Letra: Fernando Bones – Música: João Jardel e Fernando Bones) Eu sou o câncer do mundo Eu sou o ser mais imundo Eu sou a pedra no sapato Eu sou o poço mais fundo Eu sou a faca que risca Eu sou o medo mais forte Eu sou a besta arisca Eu sou o grito da morte O grito da morte fala mais alto Subindo a ladeira Descendo o asfalto O ano é 2021 O avatar é Jesus Cristo A Era de Peixes não termina Pra quem parou no século XX O vinho é quente O pão é frio As máscaras caem Nos queixos caídos Eu sinto a pressão Emergindo das águas do espaço indiviso Pulsão de morte É moeda de troca No mercado branco Do cemitério indígena Designado Terra Brasilis
4.
Branco 01:16
(Poema: Joice Maia – Música: João Jardel) Você já ouviu uma pessoa branca dizer "Temos a mesma oportunidade. Se eu consegui, você também consegue."? Seguramente não sou branca. Mas não precisa ser branca para saber o que é ser branco nesse país. E não, você, branco, jamais saberá o que é ser preta. Vamos começar do início. Você sabe de onde vieram seus ancestrais. Se não conheceu alguns deles nessa vida, sabe ao menos de onde vieram, com quem se casaram, se pá, você tem até uma árvore genealógica no seu álbum de bebê. Ser branco é ser abraçado pelas professoras. É ser escolhido como par nas apresentações da escola. É se sentir escolhido para dar uns beijos nas festas de 15 anos. É sentir que afeto não te falta, e que não há problema em demonstrá-lo. Ser branco é sair com seus amigos à noite e não se sentir ameaçado por causa da cor da sua pele. Sabe aquela sensação de que tão fugindo de você na rua? Ah, e aquela de que você foi parado pela polícia, sem nenhum motivo ou suspeição? E aquele alívio por ter sido abordado, mas ainda estar vivo? Não conhece? Quantos brancos foram executados com mais de 80 tiros voltando de um rolê com sua família? Quantos brancos têm o guarda-chuva confundido com um fuzil? Gente, ser branco é ter o privilégio de ser detido com vários pinos de cocaína, e virar manchete "Estudante é detido portando substâncias ilícitas." Você, branca, já se preocupou em deixar bem claro que está só mexendo na bolsa, perto de funcionários de um estabelecimento comercial, pra não ser acusada de furto? Você não sabe como é. Ah, e aquela sensação de desesperança ao saber que morre um jovem da sua etnia a cada 23 minutos nesse país? Não? E tem a clássica sensação de que você não é aceita. Você é preta, mas boa parte da sua vida você não quer ser preta. Mas você não é branca. Você nunca será. E aí vem a sensação de que você estará sempre sozinha. Você pode até ter uma família massa, amigos incríveis, mas não se sente conectada com sua ancestralidade. E por que estaria? Alguém te ensinou a se conectar com ela? Ah, não. Você nem sabe de onde veio. Já sentiu?
5.
(Letra e Música: João Jardel) A escória da sociedade Um bando de galinha travestida de pavão Vermes que arrastam sob o pé Declamando qualquer merda Falando sobre tudo Mas esse lugar não é de vocês Nunca foi de vocês O lugar que não é de vocês A fachada continua a mesma A irritação é sempre a mesma Em retalhos Censurado pela cor Costurado Minha carcaça foi entregue ao impostor Agonizo mastigando as palavras Mal faladas que eu não vomitei Como um verme Rastejando ao entorno da metalinguagem Que eu criei
6.
(Letra e música: João Jardel – Poema: Matheus Cabula) Silêncio de velório pra notificar o abuso O insulto ecoa pujante vozes que se calam Dentre manifestações socialmente aceitas Homens cordiais Todos tatuados Cantam sobre as palavras de ordem Molotov travestido de nota de repúdio São sempre os mesmos Protofascistas Se confundem com as instituições As vezes tatuados As vezes bem trajados Ordeiros em cânticos Todos iguais No racismo de todo o dia O homem protoracista cordial De todo o dia O verme cordial Que repudia O rato de esgoto Que sentencia
7.
(Letra e Música: João Jardel) Não queria me chamar saudade agora não Não queria ser exótico Ou seu bicho de estimação A verdade é que eu me confundo Com o corpo não identificado Minha história perdeu o significado Eu não sei de onde vim Sei pra onde vou Minha história se repete 1000 vezes eu morri hoje Só quero botar meu bloco na rua

credits

released November 5, 2021

Belo Horizonte, novembro de 2021.
Gravado, editado, mixado e masterizado no Estúdio Galvani em Belo Horizonte, entre os meses de abril e setembro de 2021 por Fernando Bones. Esta obra é distribuída pelo selo Rubedo Discos de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Faixas:

1 - Canção para o senhor da gira – Letra e música: João Jardel
2 - Divina comédia de ponta-cabeça – Letra: João Jardel e Graziele Zahara / Música: João Jardel
3 - O grito da morte – Letra: Fernando Bones / Música: João Jardel e Fernando Bones
4 - Branco – Poema: Joice Maia / Música: João Jardel
5 - A fachada continua a mesma – Letra e música: João Jardel
6 - O homem cordial – Letra: João Jardel e Matheus Cabula / Música: João Jardel
7 - Último manifesto – Letra e música: João Jardel

Dos participantes:

João Jardel: letras, músicas, vozes, produção, beats e programações.
Fernando Bones: letra, baixo e vozes na música “O grito da morte”, arranjos, mixagem, masterização e co-produção.
Graziele Zahara: Letra e vozes da música “Divina Comédia de Ponta-Cabeça”.
Joice Rocha: Poema e voz em “Branco”.
Matheus Cabula: Letra e vozes em “O Homem Cordial”.

Capa por Diego Drummond e Daphne Cunha.

© 2021 Rubedo Discos

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about

João Jardel Itabira, Brazil

joão filho de joão e neto de joão nascido em Itabira é ex- membro do coletivo faça! e filhos de um poeta morto. toca e canta na curved, que tem mais de 15 anos de formação.
além disso é guitarrista na banda de hardcore postura.
também desenvolve um projeto de música folk: poison or medicine.
por último, desenvolve um trabalho solo e autoral e experimental.
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